Por: Cadman Brie (perfil)
Bitoca, selinho, pegar, e jogar hóquei de amígdala, há tantos nomes para beijar quanto existem maneiras de fazê-lo. Quer usá-lo como uma saudação informal ou um gesto intensamente romântico, o beijo é um desses comportamentos intrigantes da raça humana, que parece desafiar a explicação. Seus muitos fins - um beijinho de boa sorte, beijos ao chão como saudações(tal como o papa), beijos ao ar para um conhecido, e os beijos longos e lentos de Hollywood têm significados diferentes, mas são semelhantes na natureza.Então porque é que nós amamos uns amassos?
Um beijo não é apenas um beijo.
Filematólogos, cientistas que estudam o beijo, não sabem ao certos porque os humanos começaram a encostar os lábios. A teoria mais provável é que ela se origina das mães primatas repassarem alimentos mastigados para os seus bebês desdentados. O contato dos lábios pode ter sido repassado através da evolução, não apenas como um meio necessário de sobrevivência, mas também como uma forma de promover o vínculo social e como expressão do amor.
Mas, algo obviamente aconteceu com o ato de beijar desde o tempo da passagem de alimentos mastigados. Agora, acredita-se que o beijo ajuda a transmitir informações importantes, ao invés de pedaços de carne. O beijo que nós associamos com o namoro romântico pode nos ajudar a escolher um bom companheiro; enviam sinais químicos; fomentam relacionamentos de longo prazo. Tudo isso é importante para a maior meta da evolução a procriação bem-sucedida.
Beijar nos permite chegar perto o suficiente de um companheiro e avaliar as características essenciais sobre ele, nenhuma das quais estamos conscientemente processando. Uma parte desta troca de informações é provavelmente facilitada pela ação dos feromônios, sinais químicos que são passados entre os animais para ajudar a enviar mensagens. Sabemos que os animais usam feromônios para alertar seus colegas de coisas como o acasalamento, fontes de alimento, e perigo. Pesquisadores acreditam que feromônios podem desempenhar um papel importante no comportamento humano também. Embora o órgão vomeronasal, que é responsável pela detecção de feromônios e algumas funções cerebrais em animais, seja inativo nos seres humanos, pesquisas indicam que nos comunicamos através dessa química também.
O primeiro estudo a indicar que os sinais químicos desempenham um papel na atração foi conduzido por Claud Wedekind há mais de uma década atrás. Mulheres sentiram o cheiro de camisetas de homens sujas e escolheram qual camiseta cheirava melhor para elas. Ao comparar o DNA das mulheres e os homens, os pesquisadores descobriram que as mulheres não apenas escolheram seu cheiro favorito aleatoriamente. Elas preferiram o cheiro do homem com o maior complexo de histocompatibilidade (MHC), uma série de genes envolvidos em nosso sistema imunológico, que era diferente das suas. Ter um MHC diferente significa menos imunidade a sobreposição e uma melhor chance da prole saudável e robusta. Beijar pode ser uma forma sutil das mulheres acessarem a compatibilidade imunológica de um companheiro, antes que ela invista muito tempo e energia nele. Talvez um primeiro beijo ruim signifique mais do que o nervosismo da data, também pode significar uma verdadeira falta de química.
Homens desleixados, Mulheres Exigentes
Pesquisas comportamentais apóiam este raciocínio biológico. Em 2007, pesquisadores da Universidade de Albany, nos Estados Unidos, estudaram 1.041 estudantes universitários e encontraram diferenças significativas na forma de como homens e mulheres pensam sobre o beijo. Embora comum no namoro, elas colocam mais importância sobre o beijo, e a maioria nunca faria sexo sem beijar primeiro. Os homens, por outro lado, fariam sexo sem beijar antes, pois eles também têm relações sexuais com pessoas que não eram boas beijadoras. Uma vez que as mulheres em várias espécies são frequentemente as que escolhem os parceiros, estas diferenças comportamentais à respeito do beijo fazem sentido.
Os homens também são mais propensos a iniciar beijo francês (beijo de língua), pesquisadores acreditam que isto se deve ao fato da saliva conter testosterona, que pode aumentar a libido. Os pesquisadores também acham que os homens podem ser capazes de captar o nível de estrogênio na mulher, que é um sinal de fertilidade.
Louco por cunilingus (do inglês canoodling que diz respeito a engajar-se em acariciar ou fazer amor, não necessariamente este último como na língua portuguesa).
Mas o beijo não é tudo praticidade de acasalamento, também é bom. Isso porque o beijo desencadeia a liberação de uma série de substâncias químicas de bem-estar, ajudando a reduzir o estresse e aumentar os laços sociais. O pesquisador Wendy Hill e seus colegas da Universidade Lafayette, estudaram como os níveis de oxitocina, que está envolvida na formação de pares e apego, e de cortisol, um hormônio do estresse, se alteram após as pessoas se beijarem. Utilizando um pequeno grupo de casais da faculdade que estavam em relacionamentos de longo prazo, eles descobriram que os níveis de cortisol diminuem após o beijo. Quanto mais tempo o casal estava em um relacionamento, mais os níveis decaiam. Os níveis de cortisol também diminuem para o grupo controle, os casais que só se deram as mãos, indicando que o apego social, em geral, pode diminuir os níveis de estresse, não apenas se beijando.
Analisando os níveis de oxitocina, os pesquisadores descobriram que eles aumentaram somente nos homens, enquanto os pesquisadores pensaram que iria aumentar em ambos os sexos. Eles supuseram que as mulheres podem precisar de mais do que um beijo para estimular a ligação e união, ou que o ambiente estéril do laboratório de investigação não era propício para a criação de um sentimento de apego.
Beijar, portanto, desempenha um papel não só na escolha do parceiro, mas também na ligação. Na Associação para o Progresso da Ciência, reunião sobre a ciência do beijo, Helen Fischer, uma bióloga evolucionária, postula várias razões para a ligação dos lábios. Ela acredita que o beijo está envolvido nos três tipos principais de atração que os seres humanos sentem: o desejo sexual que é regido pela testosterona; o amor romântico, que é governado pela dopamina e outros hormônios de bem-estar; e ligação, que envolve substâncias químicas como oxitocina. Beijar, ela postula, evoluiu para ajudar em todas as três frentes. A saliva, trocada durante os beijos românticos, tem testosterona. Substâncias químicas que provocam a sensação de bem-estar são liberadas quando nos beijamos o que ajuda no romance e beijos também ajudam a liberar substâncias químicas que promovem a criação de laços, que prevê a fixação de longo prazo, necessárias para a criação dos filhos.
Cheirar, aconchegar e ir embora
No entanto, nem todas as culturas ou mamíferos se beijam. Alguns mamíferos têm contato direto com os rostos uns dos outros através do ato de lamber e cheirar, que podem transmitir as informação necessárias. E apesar dos chimpanzés passarem comida de mãe para filho, os “bonobos” são notoriamente promíscuos, aparentemente os únicos primatas que verdadeiramente beijo. Enquanto se pensa que 90% das pessoas beijam, há ainda 10% que não. Assim, parece que, tanto quanto nós usamos o beijo para reunir informações de compatibilidade, nossa propensão para o mesmo também tem a ver com nossas crenças culturais em torno dele.
Se vivemos em um lugar onde o beijo é reservado para pessoas próximas, ou em algum lugar onde um cumprimento casual significa um, dois ou três beijos na bochecha, uma coisa se mantém altamente consistente: o fato de que as pessoas se beijam mutuamente. E é quase sempre pela direita. Um estudo realizado em 2003 publicado na revista “Nature” concluiu que o número de adultos que viram a cabeça para a direita é quase o dobro dos que viram a cabeça para a esquerda. Esta assimetria comportamental é vista como resultado da mesma preferência para a virada de cabeça durante as últimas semanas de gestação e durante a infância.
Uma das melhores coisas sobre o beijo, porém, é que não temos de pensar em nada disso. Basta fechar os olhos, aconchegar-se e deixar que a natureza siga seu curso.
Texto traduzido do site https://www.divinecaroline.com/22081/76045-kiss--science-sex com adaptações
Traduzido por Dhiogo Pascarelli